O preço do combustível está cada vez mais salgado. E, provavelmente, nenhum motorista está disposto a perder dinheiro a cada ida ao posto de gasolina. Porém, temos uma má notícia: pode ser que você esteja pagando por uma certa quantidade de gasolina e recebendo outra menor.
Foi isso o que constatamos em nosso estudo realizado em 30 postos espalhados pela cidade de São Paulo. Em cada um deles, nos passamos por cliente comum e pedimos que no tanque de combustível fossem colocados cerca de 40 litros de gasolina. No automóvel preparado em laboratório, porém, o líquido era direcionado do tanque para um recipiente secreto instalado no porta-malas.
Depois desse procedimento, verificamos, também em laboratório, se a quantidade de líquido presente no recipiente era a mesma indicada na bomba de gasolina. Vale destacar que visitamos os postos bandeirados ALE, BR Petrobras, Ipiranga e Shell, assim como postos bandeira branca – aqueles que não possuem vínculo de exclusividade com o fornecedor.
Encontramos problema em sete postos
De acordo com o Inmetro, o erro máximo tolerado entre a quantidade indicada na bomba e a realmente entregue ao consumidor é de 0,5%, para mais ou para menos. E, entre os postos visitados, encontramos, em sete deles, diferença superior a essa.
A pior discrepância foi observada em um posto da bandeira ALE. Embora a bomba marcasse 38,900 litros, o volume recebido foi de 38,530 litros – diferença relativa de 0,95%. Fizemos uma simulação para você ver o quanto isso pode pesar no bolso. O motorista que tem um HB 20, por exemplo, e roda 15 mil km por ano, terá gasto R$ 41 a mais, ao final de 12 meses, se optar por esse posto. Isso levando em conta o preço do litro da gasolina a R$ 3,599.
Em outro posto dessa bandeira, verificamos a mesma situação. Levamos 0,51% a menos de gasolina do que a supostamente colocada no tanque. Dois postos da bandeira BR Petrobras também apresentaram divergência entre a quantidade de combustível fornecida e a indicada na bomba de abastecimento. Em um deles, foi entregue 0,84% a menos de gasolina do que o anunciado. No outro, a diferença foi de 0,71%.
Em um posto Ipiranga, dos 39, 430 litros comprados, recebemos 220 ml a menos. Em outro ponto da cidade, nos surpreendemos com mais um posto dessa bandeira: dos 38,747 litros adquiridos, faltaram 317 ml. Um posto da bandeira Shell também desapontou. Em nossa visita ao estabelecimento, abastecemos o tanque com 38,742 litros de gasolina, o que correspondia a R$ 120. No entanto, no laboratório, foram medidos 38,400 litros. Ou seja, uma diferença relativa de 0,88%.
As irregularidades encontradas em nosso estudo foram formalmente comunicadas ao Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo – Ipem/SP, órgão delegado do Inmetro. Pedimos que os postos de combustível sejam fiscalizados pelas equipes da instituição, que tem a atribuição de fazer o controle metrológico dos instrumentos de medição no estado de São Paulo.
Os estabelecimentos que descumprem a legislação, ao entregarem quantidade de combustível inferior à quantidade declarada na bomba, devem ser penalizados a fim de que outros consumidores não sejam lesados. A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem, é um dos direitos básicos do consumidor.
Tome medidas contra esse abuso
A situação encontrada em São Paulo pode se repetir em várias cidades brasileiras. Uma dica para fugir dessa armadilha é conhecer a autonomia do carro. Procure fazer o cálculo da média de quilômetro rodado por litro. Ao perceber que após abastecer em um determinado posto você rodou menos do que o normal, desconfie!
Caso suspeite que o valor exibido na bomba de combustível é diferente do volume de gasolina realmente colocado no tanque do carro, você tem o direito de exigir que o estabelecimento realize o teste de vazão na sua frente. A diferença máxima permitida é de 100 ml de combustível, para mais ou para menos, a cada medida de 20 litros.
Ao perceber alguma irregularidade, faça uma denúncia à Agência Nacional do Petróleo (ANP). Use, para isso, o telefone 0800-970-0267. Entre ainda em contato com a
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