PROTESTE constata alta em tarifa bancária
Estudo mostra que, ao contrário do que diz a federação dos bancos, após dois de regulamentação preços dos pacotes subiram acima da inflação.
A PROTESTE Associação de Consumidores fez, dia 28 de abril, levantamento nos nove maiores bancos para verificar a evolução das tarifas bancárias e constatou que, após dois anos da regulamentação, só o que caiu de preço foi o que o consumidor não consegue contratar. Trata-se do pacote padronizado que, na prática, é desconhecido, não sendo de fato ofertado ao cliente.
Apesar de a legislação garantir ao consumidor o direito de usar uma conta de “serviços essenciais”, sem ter que pagar nenhuma taxa por isso, os bancos, em geral, não divulgam ao consumidor esse direito. Como os próprios bancos informam, mais de 60% dos clientes têm pacotes de serviços e, nesses, os consumidores têm sido penalizado por reajustes de até 17% no semestre. Isso para uma inflação medida pelo IPCA do IBGE, de abril de 2008 a março de 2010, de 10,5%.
A PROTESTE avaliou como variaram as tarifas cobradas no uso da conta corrente nos períodos de seis meses e de um ano. De acordo com a Resolução 3.518 do Banco Central (BC), que, entre outras coisas, estabeleceu a padronização da nomenclatura das tarifas bancárias, os bancos podem reajustar os valores semestralmente. Os serviços analisados pela PROTESTE foram: valor das cestas de serviços; da tarifa de cadastro; da folha de cheque; do saque e da transferência entre bancos (DOC).
O que a PROTESTE constatou:
Banco Itaú: a Maxi conta simples aumentou 8% nos últimos seis meses. E a Maxi Conta Econômica subiu 16,47%, passando a custar R$ 9,90 (era R$ 8,50).
Banco Real: em seis meses a cesta Múltipla aumentou 10,14%; se considerarmos o período de 12 meses, o reajuste foi 20,74%. O caso da conta Simples é ainda pior: no semestre, mais 17,75%, e no período de um ano, absurdos 65,83%.
Banco HSBC: o pacote Premier aumentou 8,89% no semestre; o Premier básico 19,05%.
Bradesco: mais 16,47% na cesta “básica” no semestre.
Santander: o pacote Completo Master (originalmente se chamava “Completo”) foi reajustado em 10,14% no semestre, e em 25,38% em um ano. O Especial Master encareceu ainda maior: 17,75% em seis meses, e 33,56% no ano.
No Citibank, as cestas Classic, Top e Premium não aumentaram nos últimos seis meses, mas, se considerarmos o período de um ano, os aumentos foram de 10,33% a 35,91%, caso da conta Classic, que passou de R$ 22,00 a R$ 29,00.
Nos bancos Banrisul, Caixa e BB não houve elevações nos valores dos pacotes ofertados.
No caso do Itaú e do Bradesco, as cestas subiram sem ter nenhuma alteração na composição. Nos outros pacotes, em geral houve aumento do número de utilizações disponíveis para alguns serviços. Nesses casos, o consumidor deve reavaliar se vale a pena manter esse pacote, ou mudar para outro, pois talvez esse aumento do número permitido de utilizações não seja necessário, exceto para encarecer seu custo. Se isso tiver ocorrido, procure uma cesta que atenda sua necessidade, e não pague por serviços que não precisa.
Tarifas avulsas
Com relação às tarifas avulsas, o custo unitário do saque só sofreu alteração no Itaú e no Unibanco, com aumento de 23,08% nos últimos seis meses. E o custo do saque subiu de R$1,30 para R$1,60. O preço da folha de cheque só subiu, também, no Itaú e Unibanco – 11,54% no semestre.
O custo de transferência entre bancos e o valor da tarifa de cadastro se mantiveram em todas as instituições. Nesta última, em alguns casos, custo até caiu.
Pacotes de serviços:
As variações que mais aparecem se verificaram no valor dos pacotes de serviços. Em geral, os correntistas contratam uma cesta por ser mais conveniente ou por desconhecer que é possível ter uma conta corrente sem precisar contratar um pacote. Inclusive, mesmo sem a contratação de pacote, por determinação do Banco Central, todo correntista tem direito a uma série de serviços gratuitos – os serviços essenciais. Dentre eles, destacam-se o direito a quatro saques e 10 folhas de cheque por mês, e a consulta a extrato em terminal eletrônico.
O direito a 10 folhas de cheque é muito importante, pois ainda há bancos que oferecem cestas “sem cheque”. E que muitas vezes desaconselham o consumidor a contratar a cesta básica a quem direito, e a substituí-la por outras mais caras, mas com talões de cheques. Não caia nessa armadilha! Você não precisa contratar um pacote mais caro, pois já tem direito a 10 folhas por mês.
No site da PROTESTE há um simulador que mostra a cesta mais adequada e econômica para as reais necessidades, de acordo com o perfil do consumidor.