Depois de muita especulação e euforia a respeito das mudanças nas regras sobre o saque do FGTS, o governo divulgou como funcionará a possibilidade de cotistas resgarem seus saldos de contas ativas e inativas.
De acordo com as novas regras, para todos os trabalhadores que tiverem saldo será possível resgatar até R$ 500 neste ano do FGTS até abril de 2020 (o calendário ainda será divulgado). A partir de outubro deste ano até 2020, os cotistas deverão fazer uma escolha, ou permanecer no modelo atual agora chamado de “saque-rescisão” ou poderão sacar uma parte do saldo o que seria o “saque-aniversário”, cujo percentual varia de acordo com o valor acumulado (tabela abaixo).
Mas para sacar estes valores, o cotista deverá solicitar na Caixa Econômica Federal a alteração para a modalidade de saque-aniversário. Entretanto, antes de tomar essa decisão, o trabalhador deve considerar que ao fazer isso estará abrindo mão de receber a totalidade do que tem no FGTS em caso de demissão sem justa causa. Para voltar a opção de “saque rescisão”, o trabalhador deverá esperar dois anos a partir da primeira solicitação.
Por essa razão, apesar do dinheiro no FGTS render muito pouco 3% ao ano mais a variação da taxa TR (o que se considerarmos o período dos últimos 12 meses somando as duas significou um rendimento de 3% porque a TR foi de 0% no período), acreditamos que dificilmente será vantajoso para o consumidor solicitar essa mudança de modalidade de saque, entendemos que as vantagens são poucas frente ao cenário de ficar sem o dinheiro do FGTS em um momento delicado de demissão, em que qualquer dinheiro é bem vindo. Para chegarmos a essa conclusão imaginamos diferentes cenários, veja se você se identifica com algum deles:
1) Trabalhador com saldo R$ 10 mil no FGTS com salário de R$ 3.500: Supondo que a empresa em que trabalha continua fazendo depósitos nesta no fundo. Neste caso o trabalhador poderia sacar R$ 500 neste ano, R$ 2.846 em 2020, e R$ 2.873, o que daria um total de R$ 6.223. Neste exemplo, se o trabalhador investisse esses valores em uma aplicação que rendesse a mesma coisa que o CDI, a soma dessas aplicações subiria para aproximadamente R$ 6.644, o que geraria um rendimento de 421. Além disso, o trabalhador acumularia um valor de R$ 11.688 no FGTS, o que somando os dois valores dá um valor de R$ 18.332.
Considerando que o trabalhador sempre investirá a uma taxa mais atrativa do que rende o FGTS, em caso de não demissão sem justa causa, sempre valerá a pena sacar. Se ele deixasse o dinheiro parado no FGTS no final de 2021 acumularia um montante de R$ 18.170. Ou seja, um risco muito alto que a pessoa irá ocorrer de mudar regime e poder ficar sem o valor do FGTS se ficar desempregado por causa de R$ 162.
2) Trabalhador com saldo de R$ 250 mil no FGTS com salário de R$ 17 mil: Neste caso, o trabalhador também sacaria R$ 500 neste ano, R$ 15.940 em 2020, e R$ 16.138 em 2021. Esse valores somados correspondem a R$ 32.578, e que se investidos a ao equivalente ao CDI, podem se transformar em R$ 33.987. Além disso, o valor na conta do FGTS ao final de 2021 acumulará um montante de R$ 268.612. Somando o valor que foi investido e o saldo do FGTS, chega-se um valor de R$ 302.600. Se o trabalhador deixar o dinheiro sem mexer no FGTS, optando pelo modelo antigo, no final de 2021 ele terá acumulado um montante de R$ 290.979, uma diferença de R$ 11.620. Apesar de ser uma diferença consideravelmente maior do que o cenário 1, ainda não aconselhamos essa estratégia. O benefício financeiro é muito pouco perto do prejuízo que o trabalhador pode ter no caso de ser demitido sem justa causa e por isso não poder sacar o valor do FGTS.
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Então para quem vale a pena sacar os valores?
Ironicamente a decisão de optar pela modelo “saque-aniversário” só vale a pena para aqueles que não dependem do valor acumulado no FGTS no caso de demissão sem justa causa. Neste caso, a pessoa já teria o suficiente para poder se virar até se realocar e os saques anuais serão apenas um adicional a principal reserva.
Além disso, ainda é mais interessante para aquelas pessoas que além de ter recursos suficientes para se manter independente do montante no FGTS e sabem investir ou tem a possibilidade ter uma ajuda profissional para isso. Isso significa que elas poderão montar uma carteira diversificada, com mais possibilidades de render acima do CDI e portanto muito a mais do que o rendimento do FGTS.