Se problema acontecer, veja em entrevista como a atenção familiar e o tratamento adequado precisam entrar em cena com urgência.
07 agosto 2014 |
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Veja abaixo a nossa entrevista com Amaury Cantilino, pesquisador do Programa de Saúde Mental da Mulher da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Doutor em Psiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFPE.
Há como prevenir a depressão pós-parto (DPP) na gestação ou logo após o nascimento?
Deve-se fazer uma preparação para o pós-parto. Cursos ou pessoas mais experientes ensinarão a gestante a lidar com recém-nascidos. Logo após o nascimento, é importante programar horários de sono, porque sua privação pode desencadear a DPP. Se a mulher já teve DPP antes, recomendo que durma diariamente pelo menos seis horas seguidas.
Qual deve ser a postura da família da mulher que sofre de depressão pós-parto ?
É um grande alívio quando a mulher com DPP percebe que seu parceiro procura entender o que está se passando com ela. E ajuda muito se familiares derem suporte nas atividades com o bebê, até para que ela possa ter horas seguidas de sono, e a ensinem como cuidar do bebê.
A mulher com DPP precisa se distanciar do filho?
Na imensa maioria das vezes, não. Em geral, os quadros depressivos não envolvem potencial para causar dano ao bebê. Eventualmente, a mulher com DPP pode apresentar pensamentos obsessivos, até de conteúdo agressivo, como “e se eu jogar o bebê no chão?” ou “e se eu enforcar o bebê?”. Mas ela afasta esses pensamentos porque, na verdade, não quer realizar nenhum desses atos, e realmente não realiza. Mesmo nessas situações, não há necessidade de afastá-la do filho.
A DPP interfere no vínculo entre mãe e filho?
Mesmo sem querer, a mulher com DPP pode ter um contato menos afetuoso com o bebê. Algumas se irritam facilmente diante dos choros e despertares noturnos. Os bebês de mulheres com DPP tendem a ser mais irriquietos, esquivos, e às vezes apresentam menos vocalizações e expressões faciais positivas. A amamentação diminui. Tudo isso pode repercutir no desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança mesmo anos após o período pós-parto, podendo haver mais vulnerabilidade para transtornos afetivos ao longo da vida (como depressão e transtornos de ansiedade). O tratamento precoce é imprescindível para minimizar ou evitar esses efeitos, e o vínculo tende a se restabelecer com o tratamento.
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