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TDAH: o mal das mentes inquietas
Psiquiatra brasileiro especializado no transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) fala sobre causas, tratamento e polêmicas.
29 junho 2011 |

Paulo Mattos, presidente do Conselho Científico da Associação Brasileira do Déficit de Atenção, é uma referência em TDAH no país, um transtorno cujo número de diagnósticos vem crescendo rapidamente, especialmente em crianças.

No entanto, apenas 8% dos portadores no Brasil estão sendo tratados, segundo o psiquiatra. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista publicada na matéria “TDAH: o mal das mentes inquietas”, na PROTESTE 104, edição de julho.   

Como você definiria o TDAH? Como se diagnostica esse transtorno?

As características do TDAH estão presentes em todas as pessoas, em maior ou menor grau. No portador do transtorno há a associação de vários sintomas e o grau de intensidade é superior, interferindo na vida da pessoa. É como o diabetes: todo mundo tem açúcar no sangue, sendo que alguns tem níveis maiores e outros, menores. Algumas pessoas têm níveis muito elevados e este “excesso” traz consequências desfavoráveis.

Todo mundo tem algum grau de desatenção e inquietude, mas algumas pessoas têm esse excesso que denominamos de TDAH. Ele é consequência de uma desregulação que prejudica o funcionamento da região pré-frontal do cérebro e suas conexões, responsável pela atenção e por regular impulsos e comportamentos inadequados, ou seja, o autocontrole.

O diagnóstico é feito com entrevista clínica realizada por um médico experiente. Não existem exames.

Qual a importância dos questionários para esse diagnóstico?

Questionários são apenas para rastreio, não diagnóstico. Alguém pode ser positivo num rastreio e não ter a doença. O rastreio é um instrumento muito sensível e pouco específico.

Como os pais podem ajudar filhos que têm TDAH?

Confirmando o diagnóstico com um especialista e não retardando a procura por tratamento. Lembre-se: o trem da vida só passa uma vez na estação da infância.

Qual é o tratamento ideal? Além do uso comum do metilfenidato (Ritalina), a psicoterapia, por exemplo, ajuda?

A medicação é um dos recursos e deve ser aliado a outros, mas ainda há grande preconceito ao uso de medicamentos psiquiátricos. Há mais de 100 estudos demonstrando as vantagens de associar medicamentos no tratamento.

Um deles, com quase 600 crianças diagnosticadas com TDAH nos Estados Unidos e no Canadá, comparava a eficiência dos medicamentos com a psicoterapia. Os resultados mostraram que os pacientes com maior grau de melhora e controle dos sintomas foram os que receberam medicamentos.

A psicoterapia só ajuda o paciente e sua família nas consequências do TDAH, como baixa autoestima, por exemplo, e não nos sintomas do próprio transtorno.

Na sua opinião, há um abuso no uso da Ritalina, assim como no número de crianças diagnosticadas com TDAH?

Essa polêmica só existe na mídia leiga, não na científica. Existem dados de venda de medicamentos (disponibilizados apenas para a indústria farmacêutica) mostrando que menos de 8% dos portadores estão sendo tratados no Brasil.

Uma polêmica recente, por exemplo, envolveu uma pesquisa que sequer foi publicada, mostrando que um grande número de crianças em tratamento para TDAH não tinha TDAH.

E de acordo com pesquisas realizadas nos EUA, Noruega, Israel e Austrália, não existe superprescrição de medicamentos para tratamento do TDAH.

O TDAH recebe a devida atenção no Brasil? O que está sendo feito para lidar e tratar de crianças com o transtorno?

A ABDA – Associação Brasileira do Déficit de Atenção (www.tdah.org.br) tem feito um excelente trabalho de conscientização há mais de 10 anos no Brasil, com pais, portadores, professores e políticos. Acreditamos que há inúmeros portadores sem tratamento. Estamos em fase adiantada de projeto de lei sobre TDAH nas escolas.

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