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Proteste dá a dica: cuidados com a pele negra no dia a dia

Uso de filtro solar, limpeza e hidratação, ajudam a manter a pele negra saudável.

16 março 2022

A melanina em excesso pode trazer benefícios, mas também cobra dedicação. Esta é a principal diferença entre a pele negra e a branca – ambas produzem melanina e possuem a mesma quantidade de melanócitos – células que respondem pela geração da proteína que determina a cor da pele. Porém, a produção é diferente entre uma pessoa e outra, daí a variedade dos tons e as singularidades da pele e, consequentemente, da rotina de cuidados. Esse foi um dos temas de saúde abordados na edição 218 da REVISTA PROTESTE, e trouxe algumas dicas e esclarecimentos. 

No Brasil, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 53,6% da população é preta ou parda. Em algumas regiões do país, como Salvador, 80% das pessoas se declaram negras. Então, entender os cuidados necessários com a pele da maioria da população do país é fundamental. Foi isso que o associado PROTESTE Francisco Silva pensou quando sugeriu o tema. “Vi uma máteria e achei que o assunto poderia ser aprofundado”, diz. Vamos lá!

Entre as principais preocupações relacionadas à pele negra, estão a maior propensão a manchas – tanto escuras quanto brancas (aopecias), foliculites e queloides. De acordo com a médica dermatologista Vitória Regina Pedreira de Almeida, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), as manifestações são semelhante em todo tipo de pele, mas não a intensidade. “Não existem doenças específicas, apenas mais frequentes”, explica.

Sem manchas

Na pele negra, os melasmas surgem com mais facilidade por conta da quantidade de melanina presente. São manchas escuras de formato irregular, que ocorrem, principalmente, no rosto, e atingem com mais frequência as mulheres. “Qualquer corte, acne ou ferida pode gerar o que chamamos de pigmentação pós-inflamatória”, alerta Vitória, que indica o uso constante de protetor solar como uma forma de prevenção. 

“Mesmo com uma resistência maior, ao contrário do que muita gente pensa, a pele negra precisa do uso de protetor diário. Áreas como os lábios, a ponta do nariz e as orelhas são muitos sensíveis. O que pode acontecer é o uso de um fator mais baixo, mas não tem como abrir mão”, esclarece a médica, já lembrando que o Fator de Proteção Solar (FPS) deve ser de, no mínimo, 30 – sempre respeitando o tipo de pele. A profissional chama a atenção para o número de opções que o mercado tem hoje, como gel, loção ou spray. “Escolha ao que melhor se adaptar”. 

Oleosidade sob controle

A pele negra pode ser normal, mista, seca ou oleosa, mas o último tipo é o mais comum. E quando o assunto é rosto, a oleosidade aliada aos hormônios impõe diferenças entre homens e mulheres. A pele masculina tende a ter uma maior produção de sebo e, com a rotina da barba, a foliculite aparece com mais frequência. “Os folículos pilosos (responsáveis pelo crescimento do pelo) são curvos. Com o uso da lâmina, eles vão inflamando e voltam a entrar na pele. A reação se dá como se fosse a um corpo estranho e surgem o que parecem acnes ou espinhas”, alerta a especialista. O resultado pode ser manchas pigmentada ou até queloide. Nessa hora, nada de espremer ou coçar. 

Manter a pele limpa diariamente ajuda no controle da oleosidade. “Um bom sabonete é fundamental”, explica a médica. De qualquer maneira, surgindo a infecção, o ideal é consultar um médico para que avalie a lesão e indique o tratamento mais adequado. Se a pele do rosto tende a ser mais oleosa, o corpo é mais sujeito a escamações, ou seja, resseca mais facilmente. “É preciso hidratar sempre, e no inverno a dedicação deve ser dobrada, já que a pele sente com as temperaturas mais baixas”, avisa a profissional. Regiões como axila e virilha merecem uma atenção especial, porque o contato da pele pode levar ao escurecimento das áreas. Uma boa hidratação vai ajudar nesse controle, além de garatir também saúde aos cotovelos, joelhos e pés mais propensos ao ressecamento.

Rugas sem expressão

É verdade – a pele negra é mais resistente às marcas do tempo. A razão disso? Uma combinação da oleosidade, da melanina e dos fibroblastos. O terceiro nome do trio apresentado traz com ele nada mais nada menos do que função da produção do colágeno e da elastina – responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, ou seja, a jovialidade. Não para por aí, a pele negra também é menos sujeita aos efeitos do fotoenvelhecimento. Os sinais da idade surgem por fatores intrínsecos, relacionados à evolução da idade, e extrínsecos, que são as razões externas. O fotoenvelhecimento é a ação do sol na pele – o principal causador, hoje, dos danos ao maior órgão do corpo humano. Os outros seriam estresse, fumo, álcool e poluição. Enfim, o astro-rei envelhece – e um tanto mais de melanina garante um tanto mais de resistência aos efeitos de sua ação na pele.

Mas, se os fibroblastos ajudam na lisura da tez, eles também são os responsáveis pelos queloides. O que causa a cicatriz protuberante na pele é o excesso do colágeno. De acordo com a SBD, as peles mais pigmentadas são 15 vezes mais propensas à sua formação. Diante de um ferimento, é fundamental a atenção e, se a cicatrização apresentar saliências, endurecimento e uma superfície lisa e avermelhada, escuras ou rosadas, é bom procurar um médico. 

Identidade na derme

Independentemente de características comuns – seja da pigmentação, seja do tipo –, cada pele traz suas próprias  articularidades. Para a dermatologista Vitória, o consumidor encontra várias opções no mercado. “A indústria de cosmético está antenada à diversidade do público, incluindo o brasileiro. A gente tem uma pele miscigenada, mas mesmo assim estamos, hoje, bem  abastecidos para as diferenças”, conclui. Limpeza, hidratação e proteção são cuidados comuns, mas o ideal é entender as exigências de cada pele e a expectativa de cada pessoa.

COURO CABELUDO – UMA PELE À PARTE

Entenda por que algumas práticas, como o uso de químicas, pranchas e penteados e apliques prolongados, merecem atenção para manter a saúde da área e dos cabelos.

O couro cabeludo é a pele que sustenta os mais diferentes estilos. Os cabelos crespos - ondulados ou cacheados - apresentam uma arquitetura singular e uma morfolologia própria da haste – na verdade, o fio é assimetrico. Eles têm menor resistência, quebram mais fácil, e a capacidade de absorção de água é menor, além de crescerem mais lentamente. Outro fator é que a distribuição natural do sebo, produzido pelo couro cabeludo, tem mais dificuldade de chegar à ponta, e a tendência são cabelos mais secos. Enfim, precisam de cuidados específicos. Mas a dermatologista Vitória Almeida chama a atenção para outra prática – o uso de químicas que agridem o couro cabeludo, muitas delas prejudiciais à saúde como um todo, e cita o formol. Além do uso de pranchas e escovas, que comprometem não só os fios como a autoestima, já que podem estragar os cabelos.

Outro ponto que merece atenção é o uso de penteados e apliques prolongados que podem causar alopecia por tração - um problema que impacta a densidade capilar, a espessura do fio (afinando as hastes) e pode provocar, inclusive, a rarefação dos cabelos, causando buracos no couro cabeludo. As falhas no cabelo acontecem por conta da falta de elasticidade das fibras dos folículos pilosos, lembrando que é a parte da nossa pele responsável pelo crescimento do pelo. Isso resulta no rompimento dos fios. O uso frequente de tranças, megahair ou o cabelo muito tempo preso e repuxado pode desencadear a alopecia por tração. O ideal é prestar atenção no comportamento do fio e, ao sinal de qualquer queda acentuada, procurar um dermatologista para os cuidados necessários.

A PROTESTE

A associação realiza testes comparativos com os principais produtos do mercado que fazem parte do dia a dia do brasileiro. Nossos especialistas avaliam as principais características dos itens em laboratórios credenciados por órgãos fiscalizadores.

Conheça também o canal Reclame, espaço disponível para consumidores enviarem suas reclamações sobre problemas de consumo. A mensagem é encaminhada para a empresa em busca de uma respostas. Os associados PROTESTE possuem acompanhamento dos nossos especialistas em defesa do consumidor. Também é possível entrar em contato com o canal pelo 4020-7747

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