Venda casada, propaganda enganosa, vício de consentimento

Há algumas semanas, visitei o perfil da Loja Merachi no instagram e lá havia um anúncio de que precisavam de mulheres 40+ para a divulgação de suas peças. As interessadas deveriam preencher um cadastro. Preenchi o cadastro e dias depois recebo mensagem de Fernando, da loja Merachi, dizendo que meu cadastro tinha sido pré aprovado para a divulgação e que eu estava convidada a participar de uma seleção para divulgar as peças da loja Merachi do Estreito. Na mensagem me diziam que era necessário que eu fizesse uma etapa fotográfica para a marca me conhecer, e que se eu fosse aprovada já poderia fazer um trabalho inicial para a marca. Quem faria essa etapa seria a empresa Pregiato, no Hotel Cambirela, no dia 7/8, às 19h. No dia e horário combinados, eu fui. Na entrada havia banners da loja (Merachi). Preenchi uma fica e aguardei o tal teste de fotogenia. Feito o teste, fui chamada para conversar com Lívia, da empresa Pregiato. Na conversa Lívia me disse que meu perfil era exatamente o que procuravam, que a empresa Pregiato trabalhava com agenciamentos, que trabalhavam com outras marcas além da Merachi e que para dar continuidade eu precisava de um material fotográfico que era feito ali, na hora. Custava R$3.000,00 parcelados em 12 vezes. Não havia tempo para pensar ou entender melhor. Consegui 5 minutos para pensar sobre o assunto. Me foi dito que eu também já faria um trabalho para a loja ali mesmo. Me foi dito que seriam feitos 2 contratos: um com a Pregiato, em que o trabalho de agenciamento seria descontado dos meus trabalhos; e outro com a Super Fotos, que faria o material fotográfico ali na hora e encaminharia à Pregiato para compor meu perfil. A Super fotos me entregaria a cópia do material fotográfico, já ao final da sessão, com fotos tratadas e aprimoradas. Um tanto deslumbrada pelos elogios, pela certeza do trabalho que já faria para a loja, e pelo cansaço de estar ali já há 2 horas, acabei por aceitar. O contrato dizia que havia estúdio e equipe especializada de maquiadores e fotógrafos. Não me foi realizada maquiagem. Apenas um rabo de cavalo de qualquer jeito, sem qualquer tipo de “tratamento”. As fotos foram tiradas a toque de caixa, sem muitas orientações. Havia muitas mulheres ali, então foi tudo muito truncado. Os profissionais já estavam cansados e impacientes. Já passava das 22h. A tal sessão foi finalizada. Fui encaminhada à entrega do material e assinatura de contratos. Não havia espaço para muitos questionamentos. Com tudo “finalizado”, recebi um “pendrive” com as fotos. Saí do local quase 23h, exausta. No dia seguinte, conferindo os contratos e o material entregue percebi que fui enganada. Fui à seletiva com o intuito de fazer divulgação das roupas da loja MERCAHI e acabei sendo induzida a fechar um contrato de agenciamento com uma empresa “desvinculada” da Merachi e que me levou a comprar um material fotográfico (ali, na hora, imediatamente) de outra empresa também desvinculada da Merachi. Ou seja, a loja Merachi serve de isca para que as outras duas empresas “vendam” um pacote de fotos como pre-requisito para o agenciamento. Não passa de uma venda casada. E as fotos nem servem como “catálogo” para a modelo porque as fotos são sombreadas, não mostram o “conteúdo”. Eu não fui atrás de um “ensaio fotográfico”. Eu fui à seletiva com o intuito de “divulgar” peças da Merachi. Diante disso, já no dia seguinte, entrei em contato com as empresas Pregiato e Super fotos e infomei minha intenção de rescisão contratual. Pela Super Fotos fui informada que não havia a possibilidade, já que o direito de arrependimento era apenas por compras on line e o serviço já tinha sido prestado presencialmente e o material já me entregue na saída. Acontece que não se trata de arrependimento, mas de vício de consentimento, além de uma venda casada. E ainda que assim não fosse, eu teria direito à rescisão contratual pelo não cumprimento de tratamento das fotos, além de falha no serviço de maquiagem e preparo. As tais “fotos tratadas” não passam de um recorte da foto original. Apenas isso, sem tratamento de sombra, de fundo, de imperfeições. NADA. A empresa tinha até 5 dias prá me entregar as fotos tratadas. E não recebi fotos tratadas nesse período. Mando mensagens pedindo que me apontem qual tratamento foi dado às fotos e não tenho retorno. A empresa Pregiato não me fornece informações sobre meu cadastro, onde estariam as fotos à disposição de potenciais clientes. Tudo isso não passou de uma espécie de golpe para tirarem dinheiro de mulheres numa fase frágil da vida, em que querem se sentir mais bonitas e interessantes, valorizadas. Somos “pescadas” na oferta de uma coisa, e afogadas com a real entrega de outra. Diante disso quero as rescisões de ambos os contratos e a devolução do valor pago à Super Fotos. O material está parado no pendrive e jamais farei divulgação ou impressão de qualquer dessas fotos.