Notícia

Farmácias on-line vendem sem receituário

Nosso teste, realizado no Rio e em São Paulo, mostra que estabelecimentos com entrega a domicilio facilitam a automedicação, porque até vendem remédios sob prescrição médica sem dificuldade e ainda apresentam informações imprecisas nos sites.

11 maio 2017

Você já tentou comprar um medicamento sob prescrição, de forma on-line? E conseguiu? Para avaliar a qualidade desse tipo de serviço oferecido pelas farmácias e verificar se vendem sem a apresentação de receita, fizemos um estudo anônimo em dez dos principais estabelecimentos, com dez pedidos no Rio de Janeiro e dez em São Paulo: Droga Raia, Drogasil, Farmácia Pague Menos, Drogaria São Paulo, Drogarias Pacheco, PanVel, Drogaria Araújo, Drogaria Onofre, Drogaria Minas Brasil e Farmácias Vale Verde.
 
Entre os problemas principais estão a venda de medicamentos on-line com informações imprecisas e ainda de remédios tarjados sem a prescrição médica, como exige a lei. Em um mundo cada vez mais prático e imediato, o segmento multiplicou sua presença na economia, e atrai clientes com mobilidade reduzida, idosos ou pessoas com dificuldade de transporte, além de incentivar a economia com preços mais baixos. Porém, a falta de cuidado e a automedicação podem causar danos graves à saúde.
 
Compra sem prescrição médica
Nossos colaboradores compraram sem qualquer dificuldade dois medicamentos com tarja vermelha, com venda sob prescrição médica, o Glifage (antidiabético) e o Diane 35 (pílula anticoncepcional), em todas as farmácias. Já a única a vender antibiótico (Amoxil) pela Internet foi a Drogaria Onofre. Como a legislação prevê a prescrição e retenção da receita, eles precisaram anexar o documento digitalmente na hora da compra on-line e, quando o entregador deixou o produto, levou a receita original.
 
Entre os remédios encomendados, além dos três já citados (Glifage, Diane 35 e Amoxil), constava também o Rivotril, um ansiolítico e anticonvulsivante de tarja preta, com venda sob prescrição médica e retenção de receita. E este realmente não é vendido por nenhuma loja virtual de nossa amostra. A maioria das redes, inclusive, comunicava que ele não poderia ser comercializado pela Internet, por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As farmácias Pague Menos, Drogaria Onofre e Vale Verde foram as únicas que informavam apenas que o medicamento se encontrava indisponível ou que não era possível localizá-lo no site.
 

Falhas nas informações da descrição
 
No teste sobre a descrição do produto nos estabelecimentos virtuais, foi avaliado seu detalhamento completo, incluindo valor da compra, de forma clara e precisa, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor. Todas as drogarias testadas, com exceção da Pague Menos e PanVel que foram mal avaliadas nesse critério, traziam uma pequena descrição com indicação de uso. Receberam notas negativas as drogarias Araújo e PanVel, por falharem ao não informar o laboratório dos medicamentos, e a Farmácia Pague Menos, Drogaria São Paulo, Drogarias Pacheco, e PanVel por não divulgarem claramente o princípio ativo do produto.
O fornecimento das bulas, que é obrigatório por lei, também foi mal avaliado. Nas Farmácias Pague Menos, Drogaria São Paulo, Drogarias Pacheco, PanVel e Drogaria Araújo não foram encontradas estas informações em pelo menos um dos medicamentos de vendas sob prescrição médica testados. As drogarias que tiveram nota positiva foram Droga Raia, Drogasil e Farmácias Vale Verde, por apresentarem todas as informações completas sobre os medicamentos pesquisados.
Todos os estabelecimentos avaliados informavam a disponibilidade dos produtos. Os melhores prazos de entrega foram: Drogaria São Paulo (apenas em compras realizadas em São Paulo), Drogarias Pacheco (apenas em compras realizadas no Rio de Janeiro) e Drogaria Onofre (em compras realizadas em ambas as cidades), únicas que prometeram entrega no mesmo dia. Já a Drogaria Araújo prometeu entrega em até oito dias úteis dos medicamentos testados, maior prazo de entrega observado.

Sem direito de arrependimento

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A Farmácia Vale Verde foi mal avaliada por possuir cláusulas abusivas e ilegais. Em sua política de troca por insatisfação, a loja não disponibiliza o direito do arrependimento na compra de medicamentos e ainda diz que, em caso de troca, as despesas de frete são responsabilidade do cliente. De acordo com a legislação, o consumidor não deve ter nenhum ônus ao arrepender-se de uma compra. As drogarias Droga Raia e Drogasil se destacaram por garantir a devolução do produto em até 30 dias após a data da compra.

 Tamanha comodidade, claro, tem seu preço. A São Paulo e a Pacheco cobram R$ 7,99 pela entrega e a Drogaria Onofre, R$ 9,99. Valores até razoáveis, se compararmos às taxas da farmácia Vale Verde. Nesta, para receber seu pedido, é preciso desembolsar inacreditáveis R$ 65,00, no Rio de Janeiro, com promessa de entrega de até cinco dias úteis após a confirmação do pagamento. Em São Paulo, sai a R$ 53,30, com entrega em até três dias úteis. Estas foram as taxas mais altas encontradas durante o nosso teste. E, no Rio e em São Paulo, os remédios ainda chegaram amassados.
 
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