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Medicação - os perigos do autodiagnóstico

79% dos brasileiros buscam informações na internet sobre os sintomas antes de consultar um médico. Entenda por que essa solução pode ser bastante perigosa

19 julho 2018
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Quem nunca pesquisou as possíveis causas de algum sintoma na internet, que atire a primeira pedra.

 Afinal, a facilidade de acesso à informação traz hoje, como uma das principais consequências, a possibilidade de conhecer tratamentos, seus efeitos e suas prescrições.

Isso é o que mostra os resultados da nossa pesquisa sobre automedicação: 79% dos entrevistados buscam informações on-line sobre os seus sintomas, antes de se consultar com um médico.

E ainda: de todos os brasileiros respondentes que se automedicam, 68% usam como principal fonte a Internet.

Contudo, tenha em mente que a automedicação está longe de ser uma prática completamente segura, já que o remédio pode acabar virando veneno.

Portanto, mesmo que a sua vida ande corrida e até falte tempo para agendar uma consulta ou enfrentar filas na emergência, saiba que a medida traz graves riscos.

Muita gente não lê a bula

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Em nosso estudo, ao perguntarmos aos entrevistados sobre com que frequência leem as informações incluídas na bula antes de iniciar um novo medicamento, 41% das pessoas responderam que não fazem isso.

E 23% nunca verificam as interações entre os tratamentos antes de começar a tomar um novo remédio prescrito.

No entanto, a pesquisa mostra que o brasileiro adora um medicamento. Para você ter uma ideia, 91% dos respondentes ingerem pelo menos um tipo de medicamento por mês e, entre eles, 86% não possuem doenças crônicas.

E a situação se agrava à medida que essas pessoas consomem, em média, mais de dois tipos diferentes de fármacos por mês, o que representa uma despesa média mensal de R$ 97.

Vale ressaltar, porém, que a ênfase atual no bem-estar e na prevenção de doenças, como também o aumento do acesso a informações, vêm possibilitando que os consumidores assumam um papel mais ativo na sua saúde.

Dessa maneira, diversos benefícios têm sido associados à automedicação responsável, como maior alcance a tratamentos e melhor aproveitamento de consultas com médicos e farmacêuticos.

Por isso, nos últimos anos, essa conduta responsável tem sido identificada como um elemento importante na política de saúde a longo prazo e até encorajada pela Organização Mundial da Saúde.

Porém, em relação às práticas de automedicação, é essencial fazer uma distinção entre os tratamentos. As substâncias mais automedicadas são, justamente, as vendidas sem receita médica, que devem ser usadas, de forma responsável, para tratar problemas de saúde comuns em casa.

Não é à toa que nosso estudo mostrou que a farmacinha doméstica do brasileiro é composta, principalmente, por analgésicos e antitérmicos .

Ainda assim, você precisa ficar atento na hora de consumir esses medicamentos sem prescrição.

Isso porque todas as informações necessárias  para permitir o uso seguro e eficaz devem vir da bula, da experiência pessoal anterior, de várias fontes de informação (como Internet e outras mídias) e de conselhos dados por profissionais da saúde (por exemplo, farmacêuticos).

Dependência é um perigo

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Em relação ao consumo por conta própria de medicamentos que necessitam de receita para a compra, o uso excessivo e indevido e a falta de adesão ao tratamento são os principais riscos.

Saiba que, conforme o tipo de automedicação, há a possibilidade de surgirem consequências graves, como resistência a bactérias (antibióticos), dependência (calmantes) e até morte.

Quando questionados sobre os tipos de medicamentos comprados sem receita no último ano, os entrevistados citaram como principais os anti-inflamatórios (56%) e antibióticos (35%).

Além disso, entre os que compraram um antibiótico sem receita médica, 49% argumentaram que foi para tratar sintomas de gripe; 7%, cistite ou infecção urinária; e 7%, dor de dente.

E ainda, entre os que têm sobras de antibióticos em casa – 46% do total de respondentes –, 38% tomaram o medicamento pelo menos uma vez nos últimos 12 meses, sem informar nenhum profissional da saúde.

Nossa pesquisa

Em agosto do ano passado, enviamos um total de 1.348 questionários on-line para associados (316) e não associados (1.032).

Entrevistamos homens e mulheres, entre 18 e 74 anos, de diferentes regiões do país e níveis de instrução.

Nosso objetivo foi questionar os brasileiros sobre como lidam com sintomas e diagnóstico de doenças, quais são as fontes de informação que procuram e se compram e usam medicamentos prescritos sem receita.

Riscos podem ser altos

O principal perigo do uso indiscriminado de medicamento é a intoxicação. Além disso, a prática pode trazer riscos que incluem:

- Autodiagnóstico incorreto;

- Terapia desnecessária ou equivocada;

 - Atrasos na busca de orientação médica quando necessário;

- Reações adversas graves que não são frequentes;

- Interações medicamentosas perigosas;

- Forma incorreta de administração;

- Dosagem incorreta;

- Mascaramento de uma doença;

- Dependência e abuso do medicamento;

Tudo isso significa que há muita gente correndo sérios riscos por aí, esquecendo-se de que a saúde é o seu bem mais precioso e de que nada substitui a consulta médica.

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