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Pesquisa da PROTESTE mostra que consumidores cortam até plano de saúde para enfrentar crise

Alterações no padrão de consumo, uso de cartão de crédito e cheque especial têm sido recursos para driblar as dificuldades financeiras. XIII Seminário Internacional Defesa do Consumidor tem como tema o impacto da crise para o consumidor brasileiro.

01 setembro 2015



Pesquisa sobre a percepção da crise pelo brasileiro apresentada pela PROTESTE, no XIII Seminário Internacional Defesa do Consumidor, cujo tema é o impacto da crise para o brasileiro, aponta que os entrevistados estão tendo dificuldades para pagar alguns itens considerados essenciais no orçamento familiar, como energia elétrica, remédios e supermercado. Existe a tendência de abrir mão de despesas supérfluas, e até do plano de saúde para reduzir os gastos.


O estudo apresentado por Verônica Dutt-Ross, economista da PROTESTE, aponta que para 85% dos pesquisados, a combinação do aumento dos preços, gastos inesperados, dívidas e queda do rendimento familiar, influenciou negativamente a expectativa quanto ao poder de compra nos próximos 12 meses.


Famílias relatam dificuldade em arcar com despesas


Entre os entrevistados alguns citaram como gastos impossíveis de serem pagos nos últimos doze meses: tirar férias (33%); plano de saúde (22,8%); e frequentar bares e restaurantes (21,9%). A elevação das tarifas de energia elétrica foi sentida pelas famílias, 62,7% apontaram como difícil ou muito difícil arcar com esse gasto nos últimos 12 meses. Entre os outros gastos difíceis de arcar, foram citados: combustível/transporte (64,6%); remédios (63,1%); e supermercados (61,1%).


De acordo com o levantamento 61,4% tem a percepção de que o País passa por uma crise de alta gravidade e mais da metade (84,4%) têm parentes ou amigos que perderam o emprego no último ano.  Para 82,7% dos pesquisados, a situação financeira de suas famílias está menos confortável comparada a um ano atrás. E 46,9% não conseguiram poupar nenhuma vez nos últimos 12 meses.


Despreparados para lidar com a crise


Quando estimulados a dar uma nota de 0 a 100 sobre o quanto se consideram preparados para lidar com uma grave crise econômica, a média das notas dos respondentes foi 46, o que demonstra que os entrevistados se consideram despreparados para lidar com uma grave crise econômica.


Para driblar as dificuldades financeiras há a tendência de os consumidores optarem por linhas de crédito mais caras como o cartão de crédito, utilizado por 38,8% e cheque especial, ao qual 26,3% disse ter recorrido, além de 21,8% que obteve empréstimo familiar. As conclusões foram que as famílias têm alterado seus hábitos, com redução do seu padrão de vida e se endividando para sobreviver à crise.


O levantamento foi feito com 310 pessoas no período entre 3 e 11 de agosto último, sendo 72,6% responsáveis pela renda domiciliar, e 66,7% do sexo masculino. A média de idade dos participantes era de 49 anos, sendo 40,6% com nível superior.


Seminário PROTESTE discute e impactos da crise


Para discutir o enfrentamento desse cenário, a PROTESTE reuniu em São Paulo especialistas nacionais e internacionais no XIII Seminário Internacional PROTESTE de Defesa do Consumidor. 

Na mesa redonda: Crise: dados e percepção, os debatedores foram Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas Rio de Janeiro (CPS e EPGE), que abordou "crônica de uma outra crise anunciada". O moderador foi Claudio Considera, presidente do Conselho Diretor da PROTESTE.
 
Na mesa redonda: Poupança e endividamento com a crise, Roque Pellizzaro Junior, presidente do SPC Brasil apresentou os resultados de pesquisa da entidade sobre o nível de poupança no Brasil e Luciano de Souza Godoy, professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), falou sobre endividamento das famílias e perspectivas, sob a moderação de Paulo Castro, consultor da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).
 
No período da tarde, na mesa redonda: Planejamento financeiro das famílias brasileiras, André Luiz Martins Costa, gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), debate sobre o orçamento e hábitos de consumo das famílias brasileiras. Samy Dana, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), aborda sobre investimentos disponíveis para os consumidores. 


O moderador é Alvimar Virgílio de Almeida, defensor público: coordenador auxiliar do Núcleo Especializado de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Estado de SP.  Pesquisa sobre gestão do orçamento doméstico foi apresentada por Talita Trindade, pesquisadora da PROTESTE.

 
Na mesa redonda sobre lições da crise internacional, Pedro Catarino, analista financeiro da DECO PROTESTE, entidade de defesa do consumidor de Portugal debate : Economia mundial: sinais de recuperação da crise e impactos para o Brasil. 


E Antonino Serra, gerente do programa Global de Justiça e Proteção do Consumidor da Consumers International (CI) na América Latina,  fala sobre a realidade na América Latina. A moderação é feita por Hessia Costilla, economista e coordenadora da PROTESTE.


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