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Pesquisa: plano de saúde pressiona médico

Datafolha mostra interferência para cair internações e exames. Demora e negativa para atendimento já foram detectados em pesquisa da PROTESTE.

23 setembro 2010

Pesquisa divulgada pela Associação Paulista de Medicina (APM) para conhecer a opinião dos médicos de São Paulo sobre a atuação das empresas de saúde suplementar corrobora levantamento feito pela PROTESTE Associação de Consumidores sobre a demora para atendimento e marcação de exames e procedimentos.

Mais de 90% dos médicos que participaram da pesquisa denunciam interferência dos planos de saúde em sua autonomia profissional com pressões para redução de internações, de exames e outros procedimentos.

No levantamento Datafolha/APM, em uma escala de zero a dez, é atribuída nota 6,0 para o grau de interferência dos planos de saúde. Nota maior é dada pelos médicos que atuam na capital. Para cerca de três em cada dez médicos, glosar procedimento ou medidas terapêuticas é o tipo de interferência que mais afeta a autonomia médica.

Outros tipos de interferência muito apontados são quanto à solicitação de exames e procedimentos; atos diagnósticos ou terapêuticos mediante a designação de auditores; restrições a doenças preexistentes.Esses resultados reforçam o que apontou a pesquisa divulgada em junho pela PROTESTE, com 500 associados da entidade.

Foi constatado no levantamento da PROTESTE que 9% dos entrevistados já teve pedido de autorização negado. A maioria dessas negativas foi para Ortopedia (19%), seguida de Cardiologia (16%) e Ginecologia (14%). Das negativas, 72% foram para procedimentos ambulatoriais, 23% para cirurgias e 2% em ambos os casos.

O tempo máximo para o agendamento de consultas na especialidade de clínica geral pode levar até 210 dias e de cardiologia até 180 dias, tempo extremamente elevado. Para agendar a consulta a especialidade de Endocrinologia foi a que apresentou maior tempo médio (24 dias), seguida de Ginecologia (20 dias) e Dermatologia (17 dias).

Já na pesquisa da APM o Datafolha entrevistou entre os dias 23 de junho e 18 de agosto de 2010, médicos cadastrados no Conselho Federal de Medicina (CFM), da ativa, que atendam a planos ou seguros de saúde particulares e tenham trabalhado com, no mínimo, 3 planos ou seguros saúde nos últimos 5 anos.

Houve 403 entrevistas, sendo 200 na capital e 203 no interior ou outras cidades da região metropolitana. A margem de erro máxima, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%, é de 5 pontos percentuais para o total da amostra e 7 pontos percentuais para capital e interior.

Para a PROTESTE, esta situação demonstra que o maior prejudicado é o consumidor que paga caro para ter um plano e quando precisa de atendimento é submetido a demora que pode agravar seu estado de saúde. E as empresas não informam adequadamente quais médicos, hospitais e clínicas e laboratórios passaram a ser credenciados ou descredenciados da rede.

A informação sobre a rede credenciada deva estar disponível todo mês, seja em forma de boletim ou jornal informativo, para que o consumidor possa conhecer os novos profissionais e estabelecimentos aos quais tem direito ao acesso.

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