Shopee é cúmplice na venda de falsificados

Em 03/05/2022 realizei a compra de um SSD portátil Samsung T5, de 2TB, através do APP da Shopee. O item foi entregue em 02/06/2022. De acordo com o anúncio, o SSD teria interface USB 3.1, com velocidade de até 480Mbps e que, à época, já tinha cerca de 2700 vendas. A página do anúncio é https://shopee.com.br/Samsung-T5-Hd-External-2tb-Portable-Mini-Ssd-1tb-Solid-State-Drive-500gb-i.348150099.10246510224 e o vendedor é Glenys.BR. Nas capturas de tela dos detalhes da compra, enviadas à Shopee, nas palavras contidas no link do anúncio, e no próprio corpo do anúncio, tudo leva a crer que o produto é um SSD Samsung T5 original. Não foi o que recebi. No vídeo enviado à Shopee, acompanhando do unboxing aos primeiros testes de uso, o produto recebido é claramente diferente do anunciado, não tendo qualquer relação com a Samsung. Nos testes realizados, não foi possível copiar para o dispositivo sequer 2% da capacidade anunciada (nos testes realizados pelo H2test2, APENAS 28.9GB eram REAIS!). O anúncio apresenta velocidades de leitura diferentes (100MB/s e 450MB/s), com o objetivo de confundir o comprador. A velocidade de leitura, se for considerada a informação de 100MB/s, chega a pouco mais de 20% da velocidade anunciada, com velocidade de escrita de pouco mais de 3MB/s. Uma formatação completa levou quase 48 horas e um teste de escrita e leitura, no H2testw, levou quase 96 horas.A interface não é 3.1 e, o mais absurdo, é que o interior do item não contém nada remotamente parecido com uma unidade SSD, V-NAND, nvme ou de tecnologia similar. Em vez disso, há um chip UDP, de não mais que 32GB, soldado a uma PCB que não faz nada além de adaptar a saída do dispositivo para USB-C. Ou seja, um pendrive de 32GB emulando um SSD de 2TB, usando a marca e as características de um dispositivo Samsung. Isso é revoltante! Não só o fato de ter recebido um produto falsificado e completamente inútil mas, principalmente, o fato de tê-lo comprado em uma empresa global, presente em diversos países, com peças publicitárias estreladas por celebridades e que já fora cobrada por órgãos de combate à pirataria no Brasil, com os quais se comprometeu a impedir a comercialização de tais produtos. Mas não é só isso. Notem, na página de anúncio, a quantidade de pessoas que, dias depois de qualificarem a compra, voltaram para informar que o produto passou a apresentar problemas, que a capacidade de armazenamento não era a anunciada e que, após análise do interior do produto, os componentes internos encontrados eram diferentes dos encontrados em um produto original, que o dispositivo parou completamente de funcionar. Em uma busca rápida no Google é possível ver os componentes que fazem parte de um Samsung T5 original (https://www.google.com/search?q=samsung+t5+2tb+teardown&source=lnms&tbm=isch&sa=X). Pela quantidade de reclamações na página do produto, não é admissível que a Shopee permita que este produto continue sendo vendido, sem que se imagine que ela é cúmplice na venda de itens falsificados, mesmo tendo assinado acordo com o Procon. A Shopee lucra com a venda de tais itens, dificulta a devolução e o reembolso por estas compras, e o prejuízo fica com o consumidor. Este não é apenas um caso de devolução e estorno. É um caso claro de conivência entre um marketplace e estelionatários. Enquanto esses produtos continuarem sendo vendidos, não há outra impressão além da que a Shopee permite a venda de produtos falsificados porque lucra com tais vendas. Então este é um caso para ser repassado ao Procon e ao Juizado Especial Cível. Também será enviado ao ReclameAqui, à ABCF, ao Consumidor.Gov, ao CNCP, ao Proteste e às redes sociais.