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Excesso de líquido em frangos congelados
18 jun 2008O gelo acondicionado nas embalagens nos balcões frigoríficos do varejo confirma que uma antiga fraude continua castigando o consumidor brasileiro, beneficiada pela fiscalização insuficiente. Cinco anos depois da polêmica pela injeção de água no frango, a dona-de-casa não vê solução para o problema que, além do prejuízo no orçamento familiar, deixa abertas as portas para contaminação da carne.
A PROTESTE comprou cinco frangos congelados e resfriados, em supermercados, para verificar se os problemas de excesso de água, detectados pelo Ministério da Agricultura ainda persistem. A água separada das aves descongeladas estava acima do limite estabelecido pela Instrução Normativa nº 20 do Ministério da Agricultura.
Quando se retira a carne da embalagem, já se percebe as placas de gelo. Constatado o prejuízo, o consumidor precisa denunciar a fraude. “Água injetada em excesso no frango deve ser imediatamente denunciada para que as empresas responsáveis sejam punidas”, alerta Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE Associação de Consumidores.
A persistência nessa prática abusiva pode levar o fornecedor a responder não só administrativamente pela fraude, como também em processos civis e criminais. Índices de água acima do permitido pela legislação vem sendo monitorados pelo Ministério da Agricultura em parceria com o Ministério da Justiça.
Dicas |
Ao comprar frangos congelados, observe a integridade das embalagens e suas informações, além de ler, atentamente, os rótulos antes de ir à caixa registradora. O ideal é ao descongelar verificar se há excesso de água antes de perfurar a embalagem para denunciar se for constatada a fraude. Não comprar produtos que estejam armazenados em equipamentos de conservação defeituosos ou sobrecarregados. Verificar se os frangos estão conservados em balcões de congelamento cujos termômetros indiquem a temperatura a menos de -12º C. Não comprar produtos com sinais de descongelamento, amolecidos quando pressionados ou com presença de gelo sobre a embalagem. Ao notar a existência de excesso de água em aves congeladas não temperadas, procurar o serviço de vigilância sanitária ou os órgãos de agricultura e autoridades de defesa do consumidor para solicitar providências. No supermercado ou na feira, deixar para comprar os produtos congelados por último, levando-os rapidamente para casa e, se possível, fazer o transporte da mercadoria em sacolas térmicas. Depois de manipular frangos, mesmo que ainda embalados, lave bem as mãos para realizar qualquer outra tarefa. O mesmo procedimento vale para equipamentos ou utensílios que tenham tido contato com produtos crus, especialmente carnes. |
Em 2003 a PROTESTE não constatou excesso de água nas marcas analisadas, mas apareceram outros problemas, como bactérias por falha na higiene. Na fase inicial da bateria de exames de sete marcas de frango, constatou-se que a temperatura de armazenamento das aves era superior ao limite estabelecido e foram encontrados defeitos nas carnes, como rasgos na pele e penugem, junto a bactérias. “Tem de haver maior fiscalização (de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e uma mudança nos testes de controle de água no frango”, diz Inês Dolci.
Pelo preço mais baixo é preciso avaliar se não vale a pena a compra da carne de frango resfriada para que, só depois, ela seja submetida ao processo de congelamento. Mas é preciso cuidado com a procedência da ave para evitar possíveis contaminações e proliferação de bactérias.
“A fiscalização é sempre deficiente. Reclamamos no Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, mas este é um problema antigo e sem solução. O próprio consumidor é quem tem de atuar como fiscal”, afirma. As avaliações feitas pelo Ministério da Agricultura ainda têm encontrado 26% das amostras de carne congelada de frango com excesso de água. A checagem faz parte do programa do ministério de prevenção e controle da absorção de água em carcaças de frangos, que monitora atualmente 119 empresas em 18 estados. O limite máximo de água permitido pela atual legislação é de 6% do volume da peça.