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Serviços Financeiros
Falta transparência na taxa de câmbio cobrada pelos cartões de crédito
14 jul 2014
Qual é a taxa de câmbio que de fato os bancos cobram quando o consumidor paga a fatura de compras em dólar? Para esclarecer esta dúvida, a PROTESTE Associação de Consumidores, em parceria com o economista Samy Dana, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez um levantamento das faturas de cartões de crédito de sete bancos (Banco do Brasil; Bradesco; Caixa; Citibank; HSBC; Itaú; e Santander), e comparou as taxas cobradas na fatura com as taxas divulgadas pelo Banco Central do dólar comercial para o mesmo dia.
A diferença nas taxas de câmbio pode chegar a até 5,43%, como foi constatado no cartão selecionado do Santander. Já o cartão da Caixa foi o que cobrou a menor diferença em relação ao dólar comercial, 0,45%. O consumidor que tiver uma fatura de US$ 1 mil economiza R$ 114,48 no cartão da Caixa Econômica Federal, em vez do Santander, considerando-se uma taxa de dólar comercial a R$ 2,30.
Apesar de em tese a taxa que deveria ser referência pelos cartões de crédito ser a taxa de câmbio do dólar comercial (que historicamente nos últimos 5 anos é aproximadamente 6% menor do que a do dólar turismo), o que o levantamento constatou foi que isso não acontece. Os bancos não são obrigados a cobrar a taxa de câmbio comercial, mas são orientados a utilizá-la como referência, e por isso acabam sempre cobrando um valor a mais, e não raro muito a mais.
Ou seja, o consumidor precisa ficar atento às taxas de câmbio cobradas pelos bancos nas compras no exterior com cartão de crédito. Quando faz alguma compra em algum site internacional ou quando viaja, o consumidor sabe que deve utilizar o cartão de crédito com cautela, devido a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38%. Entretanto, muitas pessoas não questionam a taxa de câmbio usada.
Cartão | Data | Taxa de Câmbio Cobrada | Taxa de Câmbio Comercial BC | Diferença do Câmbio |
Banco do Brasil | 05/06/2014 | 2,35 | 2,27 | 3,52% |
Bradesco | 26/04/2014 | 2,32 | 2,23 | 4,04% |
Caixa | 13/05/2014 | 2,22 | 2,21 | 0,45% |
Citibank | 13/05/2014 | 2,3 | 2,21 | 4,07% |
HSBC | 01/07/2014 | 2,3 | 2,2 | 4,55% |
Itaú | 25/05/2014 | 2,31 | 2,22 | 4,05% |
Santander | 21/05/2014 | 2,33 | 2,21 | 5,43% |
O consumidor fica sem saber quanto efetivamente irá pagar quando chegar a fatura, por isso a PROTESTE defende que haja regra clara de quanto pode ser essa diferença em relação a taxa oficial de câmbio. Não é justo quando o consumidor compra no exterior, ficar sujeito a flutuação cambial e também ao ganho dos bancos, por conta da diferença da taxa praticada. “A falta de transparência dos bancos preocupa, os clientes ficam absolutamente vendidos sem a menor ideia de quanto irão pagar na fatura”, avalia Samy Dana. Ele defende que o sistema deveria caminhar para que o cliente tivesse a opção de transferência para reais automaticamente em sua conta e assim, evitar o risco cambial. O banco ao oferecer isso, para não correr riscos cambiais também, poderia fechar o câmbio do dia do negocio. Já Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE, avalia que a indicação de uma média para o mercado é insuficiente para o consumidor.
As perguntas que ficam são:
As perguntas que ficam são:
- Quais são os critérios utilizados pelos bancos para a cobrança dessa taxa aos consumidores?
- Por que essa falta de transparência para o consumidor, que não consegue facilmente comparar as taxas de câmbio cobradas pelos diferentes cartões de crédito? Tal prática só beneficia os bancos e a não concorrência, o que só prejudica os consumidores.
Uma boa saída para evitar surpresas quando se viaja ao exterior é priorizar pagar a hospedagem e os passeios ainda no Brasil, quando os hotéis ou agências fizerem a cobrança em reais. Diante da flutuação da taxa de câmbio, o consumidor precisa avaliar bem em que situação vale usar o cartão para comprar no exterior ou mesmo na compra pela internet em sites internacionais.