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Irregularidades nos estacionamentos rotativos impedem uso por mais motoristas

17 out 2016
PROTESTE constatou falhas que permitiram aos motoristas ficar na vaga mais tempo do que o especificado.

Despreparo dos vendedores, ausência de fiscais e máquinas defeituosas, além de falta de fiscalização estão entre os principais problemas detectados pela PROTESTE Associação de consumidores ao avaliar estacionamentos públicos rotativos em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Foi observado descumprimento do serviço.

Os estacionamentos rotativos devem possibilitar que vários motoristas tenham a oportunidade de parar, por determinados períodos de tempo, em áreas públicas comerciais das principais cidades brasileiras.

Os sistemas e as condições variam em cada lugar. Mas há motoristas que tentam e conseguem ludibriar o sistema e ficar na vaga por mais tempo do que o especificado e deixam mais de um tíquete sobre o painel de seus automóveis. A fiscalização é falha, assim como a informação sobre o prazo de permanência no local.

Rio de Janeiro: vaga poderia ser utilizada por "até 50 horas"

No Rio de Janeiro, o estacionamento rotativo é controlado por um tíquete de preenchimento manual, adquirido diretamente com o vendedor ou em bancas de jornal. Não é informado no formulário o tempo máximo permitido de permanência. Ele deve ser afixado em um local visível no painel do carro após preenchimento com o número da placa, data e horário de início de utilização da vaga.

Após estacionar na Rua do Catete, no bairro do mesmo nome, o colaborador da PROTESTE pagou os R$ 2 estipulados para todos os tipos de rotatividade. Ao questionar sobre o prazo de utilização da vaga, foi informado que poderia ficar o tempo que quisesse, "até 50 horas", desde que pagasse no ato do estacionamento.

Passadas duas horas, o motorista retornou e, alegando ter que continuar por mais tempo, solicitou outro bilhete, o que lhe foi prontamente atendido pelo vendedor, após nova cobrança de R$ 2.

Porém, dessa vez, não foi entregue outro tíquete, pois, segundo o vendedor, o que estava sendo usado bastava para um novo período. Houve descumprimento da obrigatoriedade do uso do talão para estacionar em uma vaga do Rio Rotativo, assim como o evidente descaso do vendedor quanto às regras de trânsito.

App permite novo período em São Paulo

No sistema Zona Azul, o motorista em São Paulo tanto tem a opção de adquirir um tíquete manual ou de reservar o estacionamento por meio de três aplicativos. No teste, foi usado o Vaga Inteligente.

Baixado o aplicativo no celular e feito o cadastro do veículo e das informações do usuário, pode-se comprar créditos pelo cartão de crédito. Em seguida, basta informar a cidade, a placa do veículo em uso, a regra de utilização e o tempo de permanência na vaga, de acordo com a quantidade de créditos disponível.

A fiscalização pelos agentes de trânsito é feita digitalmente; dispensando, assim, a necessidade de ter que deixar um comprovante de pagamento no painel.

Como o tempo limite do Zona Azul é sempre de duas horas, ao custo de R$ 10, não é possível pedir um acréscimo de tempo, mesmo que se tenha créditos suficientes na conta. Caso o condutor não retire o veículo ao término do período, será considerado como irregular e ficará sujeito a multa e guincho.

O colaborador da PROTESTE conseguiu burlar o período máximo de permanência: ao fazer uma nova solicitação no aplicativo, pôde ficar na vaga por mais duas horas. Isso ocorreu porque não existe qualquer identificação no aplicativo da vaga utilizada, possibilitando ao usuário aproveitar irregularmente do serviço e fazendo com que o rodízio seja usufruído por menos motoristas, o que contraria o propósito da rotatividade.

Salvador: falta de fiscal e vaga estendida


Embora compartilhe o mesmo nome do estacionamento rotativo público de São Paulo, o Zona Azul da capital baiana se assemelha ao sistema usado no Rio de Janeiro. O tíquete pode ser comprado com o vendedor ou em bancas de jornal; e o tempo, assim como o preço, variam de acordo com a região da cidade, abrangendo de longa (12 horas) a curta duração (duas horas).

O avaliador da PROTESTE estacionou no movimentado Largo dos Mares, constatando a correta sinalização, que trazia o horário do serviço e o período máximo permitido, e pagou os R$ 3 referentes às duas horas.

Após o prazo de permanência na vaga, o colaborador retornou ao local e informou que desejava manter o carro estacionado por outra fração. A resposta dada pelo vendedor foi a de que ele não precisaria pagar a mais, porque o fiscal do serviço não passaria pela região naquele horário. Mais uma vez, e repetindo o padrão das outras cidades avaliadas, observou-se uma atitude equivocada e má intencionada por parte do profissional responsável por zelar pelo cumprimento da rotatividade em vias públicas.

Tecnologia não ajuda em Porto Alegre

Em Porto Alegre à primeira vista, o Área Azul aparenta ser vantajoso em relação a estacionamentos rotativos públicos das outras cidades. Mais moderno, ele é controlado por parquímetros e fiscalização (feita por fiscais e também por meio eletrônico), e possibilita ao condutor a opção de pagar proporcionalmente pelo período de uso. Caso queira, ele pode utilizar o tíquete para parar em qualquer vaga até o vencimento do horário nele impresso.

Mas o colaborador da PROTESTE se deparou com parquímetros fora do ar em três ruas, até finalmente encontrar um em funcionamento na Rua Riachuelo, no centro histórico da capital gaúcha. Depois de finalizado o período de duas horas, o avaliador voltou ao parquímetro e conseguiu comprar um novo bilhete para permanecer na mesma vaga.

Isso se deveu ao fato de não ser necessário informar a placa do carro ao usar o equipamento, que, por sua vez, não consegue bloquear o acesso a um novo tíquete. Ou seja, caso o fiscal não esteja no local naquele momento, é possível continuar por mais tempo do que o permitido.

Em Porto Alegre, o prazo para parar varia de 30 minutos (R$ 1) ao limite de duas horas (R$ 4), e é contabilizado por meio da inserção de moedas ou pelo uso de cartões inteligentes. Um tíquete é emitido pela máquina, que deve ser colocado no painel do veículo.

Como foi feito o teste

Para avaliar, então, se a rotatividade de fato é respeitada e se é concedido a múltiplos condutores o mesmo direito de usufruir do serviço, os colaboradores saíram a campo nestas quatro cidades, durante o mês de agosto. Em caráter anônimo e seguindo o mesmo roteiro predefinido, estacionaram durante a hora do almoço, entre segunda-feira e sexta-feira, em locais de grande fluxo.

Uma vez expirado o tempo limite, sempre de duas horas, eles foram instruídos a solicitar um novo período de permanência no mesmo local. Caso isso fosse possível, aguardariam para ver se haveria fiscalização.