A partir de Proteste Gostaríamos de informar que o nosso website utiliza os seus próprios e Cookies de Terceiros para medir e analisar a navegação dos nossos usuários, a fim de fornecer produtos e serviços de seu interesse. Ao utilizar o nosso website você aceita desta Política e consentimento para o uso de cookies. Você pode alterar as configurações ou obter mais informações em aqui.

Energia Elétrica

PROTESTE denuncia omissão do Programa Brasileiro de Etiquetagem

05 abr 2016
Na maioria das vezes, a opção pelos produtos com classificação A não representa menor gasto de energia elétrica. Foi pedido ao Inmetro a revisão dos critérios.
O consumidor que olha a indicação "A" de maior eficiência energética para definir a compra de um eletrodoméstico pode estar sendo enganado, porque há produtos que apesar de consumir bem mais energia, têm a mesma classificação. Foi o que constatou estudo da PROTESTE Associação de Consumidores ao comparar o gasto de energia de diferentes marcas de máquinas de lavar roupa, geladeira e ar condicionado, como parte da campanha Quem Cala Paga Mais Luz

A desatualização dos índices do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), e a falta de evolução dos critérios para algumas famílias, fez com que os produtos ficassem concentrados na classificação "A". O consumidor, na realidade, opta por produtos menos eficientes, pagando mais na conta de luz. Os fabricantes dos produtos mais eficientes ficam sem estímulo para investir em inovações tecnológicas que melhorem ainda mais a sua performance. Os produtos acabam por serem nivelados por baixo nesse critério.

A PROTESTE constatou que 98% das geladeiras Frost Free duas portas (250 modelos) e 84,8% dos refrigeradores de duas portas comuns (56 modelos) têm classificação "A". Estas duas famílias representam 81,7% do mercado de geladeiras no Brasil, demonstrando que dificilmente o consumidor poderá usar a etiqueta como uma fonte de informação para sua decisão de compra. A última revisão dos critérios de eficiência para esta classe de produtos foi feita há 10 anos, em 2006.

A situação é crítica para o ar condicionado. Com o surgimento de uma tecnologia mais eficiente no mercado (que permite com que os compressores funcionem apenas na velocidade necessária para manter o resfriamento do ambiente com pouca oscilação e consumindo menos – os chamados "inverters"), esta questão fica mais evidente. Para a classe de produtos Split sem essa característica, apenas 29% de todos os produtos disponíveis no mercado são "A", enquanto que para a família de produtos Split Inverter, 88% dos produtos levam tal selo de eficiência. Desta forma, fica evidente que os níveis da etiqueta deveriam ser mais restritivos, desvalorizando a tecnologia notoriamente menos eficiente e promovendo uma melhor dispersão entre as faixas da tecnologia inverter. 

No caso do ar condicionado de janela, a soma das classificações "C" e "D" para os aparelhos de parede não passam dos 11%, demonstrando a concentração na parte superior. O mais crítico é que de 2006 para cá, o valor de eficiência para classificação "A" foi irrisória (na ordem da segunda casa decimal).

Como o consumidor não consegue diferenciar o produto com a classificação da etiqueta, perdendo o programa sua função comparativa, a PROTESTE pediu ao Inmetro a sua revisão compulsória a cada três anos, mantendo no máximo 30% dos modelos com classificação "A" de desempenho energético. E no caso de mais da metade dos produtos alcançarem classificação "A", em um tempo inferior a três anos, o programa passe por revisão automática dos índices.

Também foi pedida a inclusão de novos parâmetros de medição para máquinas de lavar roupa: eficiência de centrifugação e lavagem e consumo de água. Tais parâmetros estavam sendo previstos na revisão do programa proposta na Portaria nº 314/2014, mas não foram colocados em prática até agora.

É mais baixa a alíquota (10%) do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado para geladeira e máquina de lavar roupa com nível "A" de eficiência energética. Ou seja, para os fabricantes tal situação é cômoda, pois manterão o benefício sem que isto reflita uma melhoria real na tecnologia dos produtos. 


Entre as críticas ao programa, a PROTESTE destaca a não consideração para as máquinas lava e seca, do consumo de energia secando roupa. "Isto é um absurdo, pois quem compra o produto com esta função vai querer comparar quanto vai gastar a mais na conta de luz com o uso completo do produto, não só para lavar ou para secar roupa", critica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da PROTESTE. O consumo de energia elétrica durante o processo de secagem é muito maior do que durante o programa de lavagem com água fria. O mesmo produto gasta para lavar 5 quilos de roupa com água fria, uma vez por dia, o equivalente a R$ 3,85 por mês na conta de luz. Já para secar esta mesma quantidade de roupa, acarreta mais R$ 92,11 por mês na fatura de energia (levando-se em conta o custo da tarifa de São Paulo). Isto gera discrepâncias absurdas, pois se classifica o produto quanto a sua eficiência energética pelo gasto de R$ 3,85, enquanto o consumo durante a secagem (ao custo de R$ 92,11), não é levado em consideração. 

Ainda, o consumidor não sabe qual o programa deve utilizar para obter os índices contidos na etiqueta, pois esta informação só é repassada pelo fabricante ao laboratório, quando do teste do produto para etiquetagem e acompanhamento. Há máquinas com mais de 12 programas diferentes para serem utilizados, dessa forma o consumidor não sabe qual deles escolher para obter os resultados que deveriam ser os mais eficientes. Tal informação deveria estar disponível na etiqueta do produto.

Para se saber quanto se paga a mais do que deveria em energia elétrica comparando o produto que você tem em casa com o produto mais eficiente da mesma categoria, a PROTESTE preparou uma tabela disponível no site da campanha Quem Cala Paga Mais Luz.

Confira exemplos da perda financeira:

Refrigeradores
Considera-se para efeito de cálculo, dois refrigeradores com eficiência energética A:

CARACTERÍSTICAS

REFRIGERADOR 1

REFRIGERADOR 2

Marca:

PANASONIC

Marca:

BRASTEMP

Modelo:

NR-BT49

Modelo:

BRX 50C

Inverter:

Sim

Inverter:

Não

FrostFree:

Sim

FrostFree:

Sim

Preço:

R$ 2.798,00

Preço:

R$ 3.299,00

Diferença de preços:

R$ 501,00

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Eficiência energética (kWh/mês):

39,0

Eficiência energética (kWh/mês):

58,0

Índice eficiência (C/Cp):

0,530

Índice eficiência (C/Cp):

0,788

Etiqueta PBE:

A

Etiqueta PBE:

A

Limite eficiência energética (C/Cp) para etiqueta A:

0,846

Limite eficiência energética (C/Cp) para etiqueta A:

0,846

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

37,4%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

6,9%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

51,5%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

27,8%

CUSTO

                 Custo KWh/mês (Eletropaulo):

0,6892

Custo (R$)/mês:

26,88

Custo (R$)/mês:

39,98

Custo (R$)/ano:

322,56

Custo (R$)/ano:

479,76

Diferença de custo anual (R$):

R$ 157,20

Diferença custo anual + custo produto (R$):

=501,00 + 157,20= R$ 658,20

Custo (R$)/ tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 3.225,60

Custo (R$)/ tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 4.797,60

Custo oportunidade (10 anos reajustado):

R$ 3.305,22

CONSUMO

Penetração refrigeradores lares brasileiros:

98%

Número de famílias:

43 milhões (41,16 milhões a 98%)

Diferença kWh/mês entre os produtos:

=58,0-39,0 = 19,0

Consumo a mais (MWh/mês):

782.040 MWh

Consumo a mais (GWh/ano):

9.384,48 GWh

Produção anual de Itaipu 2014 (GWh):

87.795,00 GWh

Percentual de energia produzida por Itaipu em 2014:

10,7%


Condicionadores de ar (janela):
Considera-se para efeito de cálculo, dois condicionadores de ar com eficiência energética A:

CARACTERÍSTICAS

CONDICIONADOR (JANELA) 1

CONDICIONADOR (JANELA) 2

Marca:

SPRINGER

Marca:

ELECTROLUX

Modelo:

QQA075BB

Modelo:

EC 07F

Inverter:

Não

Inverter:

Não

Capacidade refrigeração (BTU/h)

7.500

Capacidade refrigeração (BTU/h)

7.500

Preço:

R$ 1.072,00

Preço:

R$ 905,00

Diferença preços:

-R$ 167,00

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Eficiência energética (kWh/mês):

1 h por dia

14,1

Eficiência energética (kWh/mês):

1 h por dia

15,8

Eficiência energética (kWh/mês):

8 h por dia

112,8

Eficiência energética (kWh/mês):

8 h por dia

126,4

Índice eficiência (C/Cp):

3,28

Índice eficiência (C/Cp):

2,93

Etiqueta PBE:

A

Etiqueta PBE:

A

Limite eficiência energética (C/Cp) para etiqueta A:

2,93

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

12,0%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

0%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

22,4%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

9,3%

CUSTO

Custo KWh/mês (Eletropaulo):

0,6892

Custo (R$)/mês:

77,64

Custo (R$)/mês:

87,01

Custo (R$)/ano:

931,77

Custo (R$)/ano:

1044,11

Diferença de custo anual (R$):

R$ 112,34

Diferença custo anual + custo produto (R$):

=-167,0 + 112,34= R$ 54,66

Custo (R$)/ tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 9.317,77

Custo (R$)/ tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 10.441,10

Custo oportunidade (10 anos reajustado):

R$ 1.255,51

CONSUMO

Penetração refrigeradores lares brasileiros:

18%

Número de famílias:

43 milhões (7,74 milhões a 18%)

Diferença kWh/mês entre os produtos:

=126,4-112,8 = 13,6

Consumo a mais (MWh/mês):

105.264 MWh

Consumo a mais (GWh/ano):

1.263,26 GWh

Prudução anual de Itaipu 2014 (GWh):

87.795,00 GWh

Percentual de energia produzida por Itaipu em 2014:

1,4%

Condicionadores de ar (split)
Considera-se para efeito de cálculo, dois condicionadores de ar com eficiência energética A:

CUSTO

Custo KWh/mês (Eletropaulo):

0,6892

Custo (R$)/mês:

63,88

Custo (R$)/mês:

93,06

Custo (R$)/ano:

766,56

Custo (R$)/ano:

1.116,74

Diferença de custo anual (R$):

R$ 350,18

Diferença custo anual + custo produto (R$):

n/a

Custo (R$) / tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 7.665,60

Custo (R$)/ tempo previsto longevidade do produto (10 anos):

R$ 11.167,40

Custo oportunidade (10 anos reajustado):

R$ 5.010,70

CONSUMO

Penetração refrigeradores lares brasileiros:

18%

Número de famílias:

43 milhões (7,74 milhões a 18%)

Diferença kWh/mês entre os produtos:

=113,5-77,9 = 35,6

Consumo a mais (MWh/mês):

275.544 MWh

Consumo a mais (GWh/ano):

3.306,53 GWh

Prudução anual de Itaipu 2014 (GWh):

87.795,00 GWh

Percentual de energia produzida por Itaipu em 2014:

3,8%

C/Cp é Consumo Medido/Consumo Padrão. É a relação entre o consumo medido no laboratório e o consumo padrão estabelecido por análise estatística, levando-se em consideração o universo de produtos etiquetados em 2001.

CARACTERÍSTICAS

CONDICIONADOR (split) 1

CONDICIONADOR (split) 2

Marca:

GREE

Marca:

GREE

Modelo:

GWH09TB

Modelo:

GWH09MA

Inverter:

Sim

Inverter:

Não

Capacidade refrigeração (BTU/h)

9.000

Capacidade refrigeração (BTU/h)

9.000

Preço:

n/a

Preço:

R$ 1.717,00

Diferença preços:

n/a

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Eficiência energética (kWh/mês):

1 h por dia

11,6

Eficiência energética (kWh/mês):

1 h por dia

16,9

Eficiência energética (kWh/mês):

8 h por dia

92,8

Eficiência energética (kWh/mês):

8 h por dia

135,2

Índice eficiência (C/Cp):

4,79

Índice eficiência (C/Cp):

3,28

Etiqueta PBE:

A

Etiqueta PBE:

A

Limite eficiência energética (C/Cp) para etiqueta A:

3,23

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

48,3%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação A:

1,6%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

84,2%

Redução do consumo de energia em relação ao limite da classificação D:

26,2%